21 julho 2011

Bem no fundo

Águas que vão e voltam formam poças de reflexos que são só nossos. Nossos olhos, nossas mentes são necessariamente convocados a fundo e, em uníssono formam orvalho que escorre por nossas faces. De onde essa música vem? Das raízes que árvores que não vemos ou no vento que sibila insistente, deve ser. O frio que as vezes me abraça e que zig-zag-zeia no sem fim dos meus pensamentos tem hábitos estranhos e inconstantes. É... É mesmo verdade que personalidade é tesourou que se constrói tirando arestas.  Não se pode sentir o que o outro acha certo nem mesmo admitir que o que nós achamos é o melhor - a poça que mira cada um, mesmo que no lodo , reflete imagens que não são iguais.
Já parei a noite pensando no que afinal é o certo. Tentar enxergar o que não convém ou fazer de desentendido tocando o barco da vida adiante. Afinal, não é lícito condenar o que a gente não tem certeza sentir com precisão. Não é certo inclusive querer que o orvalho de nossos olhos e os machucados que, quantas vezes tomaram nossos joelhos, sejam compreensíveis ao que alheio a nós é.
Certo então de que nossas vidas tem rumo solitário mesmo estando em paz no meio de uma porção de sentidos, sentimentos e pulsações,  o que vale mesmo é esperar que exemplo pós exemplo, valha a pena o dia de amanhã.




4 comentários:

  1. as vezes a solidão é a melhor amiga que você pode ter, basta apreciar a beleza do silêncio e do pensamento. O rumo nem sempre vai ser solitário mas é preciso saber conviver com ele pra não se desesperar caso aconteça algo errado. :) Bjos!

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  2. Oi amour!
    Você sempre soube que na minha opinião, para se produzir a verdadeira arte é necessário um bocado de sofrimento. Uma verdadeira obra de arte nunca vem a baixo custo, e assim somos nós, humanos frágeis e tão, tão sozinhos. E diga-se de passagem, que belo esse seu textinho. <3
    Uma das coisas mais difíceis de se aceitar é que embora vivamos em meio ao caos de sentimentos e pulsações que nos são alheios, estamos invariavelmente sozinhos. Ao nosso lado temos apenas nós mesmos, e embora raras vezes as poças de orvalho reflitam outra imagem que não a nossa, é apenas a nós mesmos que temos de suportar. Talvez seja por isso que procuremos tantos outros rostos, outros cheiros e outras existências, como já diria meu amado Lacan, não nestas exatas palavras: "o Eu se constitui no Outro". Certas vezes é insuportável carregar a própria existência e uma tarefa árdua fazer com que nossa companhia se torne ao menos suportável. E mais difícil ainda é não apontar no Outro aquilo que nos incomoda. O abismo da Diferença e do Defeito, que muitas vezes é nossa própria imagem refletida, nos apontando nossos próprios erros.
    Não existe receita pra isso, e embora eu esteja ciente desta problemática, há muito que eu não consegui esta iluminação de outra forma a não ser palavras.
    Apenas, vivo e aprendo.
    Saudades sua siriema vesga de patins! *_*

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  3. A solidão às vezes é positiva, quem consegue estar bem e só significa que consegue estar bem consigo mesmo, e essa às vezes é a melhor companhia. Mas claro, que precisamos estar na companhia de pessoas queridas também, ninguém pode se ver como uma ilha, é triste. :/

    Você escreve de uma forma muito bonita. (:
    Uma graça seu blog, gostei de passar por aqui.
    Eu não poderia deixar de comentar sobre o quadrinho, é um dos meus preferidos. <3

    p.s: Obrigada por todo o carinho lá no blog, Gabriela. Seu comentário me deixou muito feliz.

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  4. Ah, só uma palavra repetidas vezes lhe digo, gabi: lindo, lindo, lindo, lindo, lindo!

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